domingo, 30 de setembro de 2007

Retorno de Saturno

Completo 29 anos, no dia 01/10/2007.

É hora de se re-inventar e ser feliz!!

"Entre os 28 e 30 anos de idade, ocorre o primeiro retorno de Saturno, ou seja, o planeta em trânsito se posicionará no mesmo local em que ele estava no momento de nascimento da pessoa e iniciará uma nova volta em torno do zodíaco. Novamente, como em todo trânsito de Saturno, ocorre um doloroso rito de passagem, envolvendo responsabilidades, desta vez maiores do que nunca. A partir deste período, muitas coisas que antes eram parte de uma gama de opções se tornam definitivas. Desligar-se do passado para apenas conservar dele as bases mais sólidas sobre as quais deve ser projetado e construído o futuro".

Trecho da apostila "Ciclos Planetários", da astróloga carioca Márcia Mattos. Disponível em: http://portodoceu.terra.com.br/pratica/orbita-0102d.asp. Acesso em: 30 set. 2007.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

*MERCADO** DE SAÚDE E FUNDAÇÕES PUBLICAS

*José do Vale Pinheiro Feitosa

Pensadores da Escola Nacional de Saúde Pública e o Ministro José Gomes Temporão deram-me um nó amplo. Comprometeram- me o pensamento, a iniciativa e o verbo. Tudo devido as Fundações Estatais e ao respeito, quase doutrinário, que tenho pela instituição e pelo Ministro.Hoje mesmo um funcionário público (sem mais nenhuma convicção de Servidor Público), na página de opinião de o Globo, usando o ministro Temporão como escada, desanca a carreira pública para médico.
Desanca o Regime Jurídico Único, sua estabilidade no emprego e na renda pós-aposentadoria. Jerson Kelman, do alto de sua cadeira de Diretor da ANEEL, frente a um oceano de oportunidades no futuro não muito remoto, usa os retalhos do pensamento para construir uma estátua de sucata em metais. Existe tanta relação entre estabilidade e acomodação, quanto entre guerra e prosperidade. Existe tanto amor entre predadores, quanto a insustentável leveza da renda de Servidores Públicos após sua aposentadoria.
Isso é o que o pensador Português, Boaventura Sousa Santos diz em recente artigo para o site Carta Maior: "*Vivemos um tempo em que a estabilidade da economia só é possível à custa da instabilidade dos trabalhadores, em que a sustentabilidade das políticas sociais exige a vulnerabilidade crescente dos cidadãos em caso de acidente, doença ou desemprego." *
Deixe-me aclarar as posições históricas e compreendam- me, mesmo que em seus lábios surjam uns risos sardônicos que merecem os dinossauros de uma sociedade justa. Quando estudava medicina, freqüentava uma cadeira de Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias (medicina da saúde pública), militava e fui trabalhar naquilo que acreditava. E é verdade, acredito e luto, e milito por um futuro melhor. Por um mundo que não é igual ao que é hoje, mas dele deverá emergir. Não procuro o céu, apenas busco a terra onde vivo.
Quando me associei ao chamado Partido Sanitário, ao pensamento socialista e à luta trabalhista, o fiz porque acreditava que a raiz dos problemas de saúde estava no modo como a sociedade brasileira produzia, distribuía e consumia suas riquezas. Quando hoje me mantenho na mesma trilha, é que a vida e a experiência acumulada, os retalhos e sucatas do dia-a-dia, este amontoado de lixo ideológico e medidas da moda e de referências internacionais, não me deram catarata na visão. Sei o quanto a realidade hodierna é um fabuloso universo em vias de um empurrão para se esfumaçar.
A realidade não é sólida, ela está preste a "se desmanchar no ar". Vou fazer o meu papel e logo garanto, não sou apenas um, somos tantos. E tantos que atéme importa a rima do Vinicius de Moraes: tantos, Maestro Moacir Santos. E no embalo: geógrafo Milton Santos. Acrescento ao que acreditava então e hoje acredito ainda mais. O papel do médico numa sociedade justa, em que a própria capacidade de prevenir e recuperar-se de doenças seja um norte civilizatório, não pode e nunca poderá ser objeto de mero jogo exploratório de mercado.
A medicina resumida a mero consumo e a valores do jogo de mercado, com suas fantasias e fetiches, é um anticlímax para a evolução do conhecimento e da própria ciência médica.Na verdade é um futuro que já contamina o centro do capitalismo, o grau de dependência econômica das pessoas aos medicamentos de uso contínuo, as órteses, próteses, cirurgias e outras novidades serão de tal volume que pagar impostos ao estado Burguês será uma obrigatoriedade de faz de conta.
Portanto não acredito que a evolução da Administração do Sistema Único de Saúde será através do médico liberal e nem do sistema privado. Não acredito por uma questão em que a saúde não é meramente assistência médica e o SUS (universalidade, equidade, integralidade) terá uma contradição permanente com o sistema econômico vigente. Neste sentido a simples transferência dos conflitos trabalhistas do ABC paulista para o seio do Servidor Público (Funcionalismo) e da modalidade de relação não ideológica com a saúde e sim com a relação de exploração Estado e Trabalhador, foi um erro central a justificar a raiz desta ampla "privatização" do sistema de saúde.
Claro que não poderemos esquecer a enorme influência que teve nisto tudo a chamada "Saúde Complementar" que venderia leitos ao sistema público e terminou porser 80% dele. Aliás o Partido dos Trabalhadores deve refletir muito sobre o papel deles na saúde pública nacional, ao mesmo tempo fiéis lutadores pelo SUS e naoutra ponta exímios negadores de sua consolidação. Todos sabemos que a evolução dos Planos de Saúde se sustenta, também, pela mentalidade sindical da cidade de São Paulo, cidade que retêm 43% dos beneficiários dos Planos de Saúde. Não nos surpreendamos que um parlamentar ou senador do PT venha a se preocupar como o Estado poderá remunerar planos de saúde para aposentados em detrimento do SUS.
Não nos surpreendamos porque o "objeto de desejo" desta luta sindical não socialista e de resultados (incluindo a Força Sindical em parte albergada no PDT) é a reivindicação de PLANOS DE SAÚDE. E, claro, nesta esteira, de escola privada e previdência privada.Prova.
Vejamos a dificuldade das lideranças do PT e do PDT de fazer frente a modelos que privilegiam as relações mercantis no SUS em detrimento do modelo ideológico e universalista.
O ministro Paulo Bernardes ao comentar a reação de certos segmentos do PT à criação das Fundações, se referiu ao próprio partido como detentor de posições defasadas em dez anos.Imagine o seguinte: um partido que não tenha uma idéia capaz de ultrapassar dez anos deve ser uma "empresa partidária", pois partido pensam cem anos à frente. Pode ser que, por outro lado, o próprio ministro Bernardes seja um "modista" da "reengenharia".
Escola Nacional de Saúde Pública e o Ministro Temporão me deram um nó, pois deles esperaria a ousadia de aprofundar a mudança da sociedade capitalista, que foi criativa em acumular riquezas e a promover ampla exclusão social. A discutir temas como o caso simbólico da indústria farmacêutica, do aborto, da desgraça social da menor grávida, do alcoolismo, da licença maternidade e outros temas que penetram na contradição do capitalismo.
Mas gostaria que não abandonassem a necessidade de manter em hegemonia o pensamento original da Partido Sanitário e isso se dará com o debate sincero da produtividade em termos da melhoria da sociedade e não damelhor acumulação de numerários; ocorrerá se somarmos continuamente Servidores Públicos, treinando-os, refletindo a realidade indutora de doenças, refletindo a exploração econômica da prevenção de doenças e recuperação da saúde.
E, principalmente, entendendo a parte que cabe ao Servidor nesta imperfeição, ampla e generalizada, do "mercado de saúde".Enfim, espero que a ESQUERDA na saúde promova uma ampla profissionalização dos gestores hospitalares e de saúde, privilegie a carreira do Servidor Público,reduzindo o perfil de relação de mercado entre os profissionais de saúde e o cidadão. Ou seja, que o norte para ser servidor da saúde seja a relação profissional e o cidadão e não a de médico valorado e o cliente explorado.Ao invés de reduzir a reflexão sobre a realidade sujeita meramente ao mercado, amplie-se a reflexão do sujeito que observa o impacto do mercado sobre a saúde pública e se coloca ideologicamente na perspectiva humanista.
Aliás é preciso entender que a Constituição quando criou o RJU ajustou isso: quem quiser ser funcionário público, terá estabilidade no emprego e na renda, na dignidade, terão obrigações públicas e históricas com a cidadania. Por isso é que os argumentos reacionários atingem justamente essa equação, pois o norte dos neoliberais é o das relações de mercado.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

TENDÊNCIAS GLOBAIS - Boaventura de Sousa Santos

A flexinsegurança

Vivemos um tempo em que a estabilidade da economia só é possível à custa dainstabilidade dos trabalhadores, em que a sustentabilidade das políticassociais exige a vulnerabilidade crescente dos cidadãos em caso de acidente,doença ou desemprego.
Esta discrepância entre as necessidades do "sistema" e a vida das pessoas nunca foi tão disfarçada por conceitos que ora desprezamos que os cidadãos sempre prezaram ou ora prezam o que a grande maioria doscidadãos não tem condições de prezar.
Entre os primeiros, cito emprego estável, pensão segura e assistência médicagratuita. De repente, o que antes era prezado é agora demonizado: a estabilidade no emprego torna-se rigidez das relações laborais; as pensões transformam- se na metáfora da falência do Estado; o serviço nacional desaúde deixa de ser um benefício justo para ser um custo insuportável. Entre os conceitos agora prezados, menciono o da autonomia individual.
Este conceito, promovido em abstrato para poder surtir os efeitos desejados pelo"sistema", esconde, de fato, dois contextos muito distintos: os cidadãospara quem a autonomia individual é uma condição de florescimento pessoal, abusca incessante de novas realizações pessoais; e os cidadãos para quem aautonomia individual é um fardo insuportável, que os deixa totalmente vulneráveis perante a adversidade do desemprego ou da doença, e que, em casos extremos, lhes dá opção de escolher entre os contentores do lixo do bairro rico ou pedir esmola nas portas do metrô.
No domínio das relações laborais está a emergir uma variante de conceito deautonomia. Chama-se flexigurança. Trata-se de aplicar entre nós (em Portugal) um modelo que tem sido adaptado com êxito num dos países com maior protecção social da Europa, a Dinamarca.
Em teoria, trata-se de conferir mais flexibilidade às relações laborais sem pôr em causa a segurança do emprego e do rendimento dos trabalhadores. Na prática, vai aumentar a precarização dos contratos de trabalho num dos países na Europa onde, na prática, é já mais fácil despedir.
Não vai haver segurança de rendimentos, porque, enquanto o Estado providência da Dinamarca é um dos mais fortes da Europa, o nosso é o mais fraco; porque o subsídio de desemprego é baixo e termina antes que o novo emprego surja; porque o carácter semiperiférico da nossa economia e o pouco investimento em ciência e tecnologia vai levar a que as mudanças de emprego sejam, em geral, para piores, não para melhores, empregos; porque a percentagem dos trabalhadores portugueses que, apesar de trabalharem, estãoabaixo do nível de pobreza, é já a mais alta da Europa; porque o fator de maior vulnerabilidade na vida dos trabalhadores, a doença, está a aumentar através da política de destruição do serviço nacional de saúde levada a cabo pelo Ministro da Saúde; porque os empresários portugueses sabem que dos acordos de concertação social só são "obrigados" a cumprir as cláusulas que lhes são favoráveis, deixando incumpridas todas as restantes com acumplicidade do Estado.
Enfim, com a flexigurança que, de fato, é uma flexinseguranç a, os trabalhadores portugueses estarão, em teoria, muito próximos dostrabalhadores dinamarqueses e, na prática, muito próximos dos trabalhadores indianos.

* Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

quinta-feira, 26 de julho de 2007

PRONTUÁRIO - Sônia Maranhão

Se a pessoa ao trabalhar
Na área da saúde
Entendesse o que há
Além dos papeis

Veria com outros olhos
Quando o prontuário
Às suas mãos chegar.

Tem um avô calejado
Mãos grossas de arar a terra
Orgulho, sensatez, dignidade
Assustado, que nem criança
Porque sabe que dependendo da sentença

Pode ir embora sua individualidade
Tem um pai de família
Provedor de um lar
Que de seus braços sai o sustento
Aluguel, comida, escola
E isto não pode faltar.

Tem uma mãe
Rocha dura, esteio, muito carinho
Depende dela o equilíbrio da casa
Roupa lavada, comida na hora certa
E muito amor, com feijão quentinho.

Tem um adolescente
Com a cabeça atordoada
Primeira experiência sexual
E uma dúvida cruel,
Sente coisas estranhas
E não tem coragem de falar
Arrependido daquela
Saída malfadada

Tem uma adolescente
Menstruação atrasada
Bem feito, quem mandou?
Mas, ele disse que me amava
E como vai ser agora
Sua vida ficará arrasada.

Tem uma criança
Febril, doída e insane
Que não consegue definir o que sente
Que não sente o que diz
Porque tem medo do novo
Mas quer se curar e
Voltar a ser feliz!

Diante do que lemos
E sabemos que é real
Vemos o povo sofrendo
Conhecemos por que
Também sentimos
E o que estamos fazendo
E agora Dr?

A pergunta que não quer calar
Quem está ali a sua frente
A pessoa ou um papel
Qual dos dois o Dr vai tratar?


Sônia Maranhão é professora, especialista, mestra e doutora em vida que faz dos seus rabiscos declarações de amor,às pessoas,aos filhos e à Deus. A autora acredita que tem que agradecer a vida pela chance que tem lhe dado de ser feliz.
Poesia enviada na lista da Rede de Educação Popular em Saúde.

Educação Permanente - Elias J. Silva

Alegria a gente inventa
Ensinando e aprendendo
Partilhando e convivendo
Sendo, sabendo e querendo

Educação permanente
Se constrói com movimento
Sensibilizando a todos
Pra viver um novo tempo
Educação a distância

Aproxima os saberes
Faz grande conexão
Entre a prática e a teoria
Nova tecnologia que se usa

Em movimento
Pra facilitar o tempo
Do fazer - ser - conhecimento
É missão de todos nós
Ensinar e aprender

Servidores e usuários
Interagem no saber
Gestores e formadores
Participam pra valer

Trabalhador solidário
Crescer e ajuda a crescer
Novo tempo nova escola
Nova metodologia

É o processo da saúde
Construído com alegria
É a participação gerando democracia
Novo tempo é isso aí
E a gente acontecendo

É a construção coletiva
Que vai se fortalecendo
Do prazer de construir
A saúde e o bem viver

Pois nesta escola a gente vai
Vivendo, amando e aprendendo
Com saúde a gente vai
Vivendo amando e aprendendo

Elias J. Silva
Educador Popular, COMOV/ANEPS/ CIRANDAS DA VIDA.

CARTA AOS LUTADORES E LUTADORAS DO POVO

Realizamos em Belo Horizonte – MG, de 17 a 21 de julho de 2007, a III Assembléia Nacional do Movimento Consulta Popular, onde reunimos mais de 200 delegados que atuam em diferentes frentes de lutas em todo o país.Analisamos a natureza do desenvolvimento do capitalismo e da luta de classes nacional e internacional, onde a hegemonia do capital financeiro nos coloca diante de diversos desafios.
Diante disso, assumimos o compromisso de colocar todas as nossas energias para seguir organizando a classe trabalhadora, em defesa dos seus direitos e pela transformação social e política do país.
Com estes objetivos estabelecemos as seguintes tarefas a serem cumpridas pela nossa militância:

1 – Organizar e mobilizar as forças sociais para lutarem contra o capital, que domina a nossa economia, gera pobreza, e ameaça os direitos sociais e previdenciários da classe trabalhadora;
2 – Lutar para impedir a implantação dos projetos econômicos que devastam o meio ambiente, privatizam as águas e se apropriam das terras brasileiras;
3 – Defender a soberania alimentar, energética e política de nosso país;
4 - Impulsionar as lutas por melhores condições de vida no campo e na cidade, garantindo o acesso a terra, moradia, educação, saúde, distribuição de renda e a ampliação dos direitos previdenciários;
5 – Insurgir-se contra a monocultura, os plantios de cultivos transgênicos, a utilização de insumos agrícolas químicos, a apropriação e destruição da biodiversidade;
6 – Lutar contra todas as formas de discriminação, violência policial e criminalização dos pobres e dos movimentos sociais;
7 – Enfrentar e combater todas as formas de ingerência imperialista em qualquer parte do mundo.

Para garantirmos que estas tarefas se realizem, precisamos fortalecer a nossa organização da Consulta Popular nos empenhando cada vez mais:

1 – No estudo, no conhecimento e na compreensão da realidade brasileira;
2 – Empenhar-se para elevar a consciência e a auto-estima do povo brasileiro;
3 – Estimular todas as formas de lutas sociais;
4 – Formar um número cada vez maior de militantes, preparados para as tarefas das lutas sociais;
5 – Participar e contribuir na construção da Assembléia Popular em nossos Estados e no maior número de municípios;
6 – Priorizar o trabalho da organização da juventude em especial nos grandes centros urbanos;
7 – Seguir construindo meios de comunicação da própria classe trabalhadora com instrumentos de formação política, valorização e resgate da cultura popular;
8 – Intensificar a disputa de idéias na sociedade através do debate do Projeto Popular para o Brasil;
9 – Contribuir com a unidade entre todas as forças organizadas da classe trabalhadora;
10 – Praticar a solidariedade permanente com todos os povos em luta no mundo, em especial com o povo da Palestina, Iraque, Haiti, Cuba e Venezuela.

O conjunto de decisões políticas e organizativas nos colocam em um novo momento de nosso processo de construção.Reafirmamos hoje o compromisso, expresso nas cartas da I e II Assembléia Nacional : "Construiremos uma organização de novo tipo, dirigida para a luta, e cujas marcas são a unidade, a disciplina militante e a fidelidade ao povo.
Uma organização que pratica os valores da solidariedade, da gratuidade, da honestidade e do trabalho coletivo. Isso é condição para que possamos enfrentar a crise, de dimensão histórica, que vive o Brasil.
Uma crise cuja superação exigirá lutas e sacrifícios, que serão recompensados pela construção de uma pátria livre, justa e solidária."

Somos a Consulta Popular.

Pátria Livre, Venceremos!

Belo Horizonte, 21 de julho de 2007.

terça-feira, 24 de julho de 2007

PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO SABER NA SAÚDE COLETIVA

Salvador, 18 de Julho de 2007.
PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO SABER NA SAÚDE COLETIVA
Durante o 8 Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e 11 Congresso Mundial de Saúde Pública, realizados no município do Rio de Janeiro, em 2006, que reuniu mais de 13 mil pessoas, centenas de militantes se organizaram para questionar a estrutura daquele evento e o que isso representava na construção da Saúde Coletiva.
Esse movimento, que se constituiu e autodenominou Abraço a Abrasco, reconhecia os Congressos de Saúde Coletiva como os Congressos de Saúde da População Brasileira. A partir desse entendimento questionou: o acesso elitizado e excludente a discussão, reflexão e construção do sistema de saúde brasileiro, a falta de espaços de debates nas mesas e conferências, o desprezo pelos trabalhos aprovados como pôsteres, a ausência de participação dos Movimentos Sociais e Populares e convocava a Abrasco a democratizar com os vários atores a construção da saúde coletiva.
Mesmo após esse movimento, estamos perplexos com a ausência de mudanças profundas no modelo de organização da Saúde Coletiva Brasileira e de seus congressos e encontros. Houve pequenos avanços como a criação de fóruns de debates e o convite a alguns militantes de Movimentos Populares. Porém, são mudanças focais que não permitem que nesses espaços haja construção coletiva, democrática e plural da saúde coletiva.
Diante disso, questionamos:
A saúde coletiva se relaciona diretamente com setores com os quais se espera acontecer as transformações sanitárias ou reproduzimos um esquema hegemônico de construção do pensamento onde há alguns pesquisadores que observam os processos sociais, opinam sobre eles e fortalecem a lógica de ação política centrada na tecnocracia?
Até onde a saúde coletiva tem gerado processos que contrapõem o modo hegemônico de socialização do conhecimento?
Os congressos, as publicações de revistas e livros acadêmicos que realizamos não são evidências de que não saímos do formato hegemônico de socialização do conhecimento?
Até onde a saúde coletiva não tem se pautado na lógica de intelectuais, acadêmicos, pesquisadores e técnicos que processam conhecimento que os fortalece em seus recursos de poder passando a ter a verdade sobre o campo da saúde, mas não entram em diálogo com os setores sociais excluídos do direito a saúde e não conseguem atingir suas praticas sociais e políticas?
Diante disso pontuamos alguns aspectos concretos da organização deste evento que precisam ser discutidos:
- Falta de espaço para debates;
- Elevado valor das inscrições;
- Pouca valorização das atividades culturais como instrumento de integração;
- Poucos espaços de convivência;
- Falta de alojamento;
- Desvalorização dos pôsteres;
- Da forma com que suas atividades foram conduzidas
Diante disso, referendamos tais reflexões:- Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de educação popular e Saúde - ANEPS- Articulação Nacional de Extensão Popular - ANEPOP- Fórum Nacional de Residentes Multiprofissionais em Saúde - FNRMS- Rede de Educação Popular e Saúde - REDEPOP

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O AÇÚCAR E A FOME


A entressafra da cana-de-açúcar no Nordeste vai de março a setembro. É palavra que significa desemprego e fome. Vida faminta, na base de macaxeira e fubá: desespero. Desespero que leva a saques, mal ou bem sucedidos, na rota dos caminhões que transitam numa das rodovias mais perigosas do país, a BR 101. É o que se lê na matéria “Desempregados rurais saqueiam caminhões em Alagoas” (Folha de São Paulo, 04/07/2007, B 4). A reportagem assistiu a tentativa de saque na altura do município de Messias, a poucos metros da usina de açúcar Bititinga, desativada. “Se a usina estivesse funcionando, haveria emprego”, declarou à reportagem um homem desempregado, pai de quatro filhos. Ele ainda não descobriu que precisa se organizar e quem sabe, no coletivo de trabalhadores ser capaz até de assumir a massa falida das empresas, como seus companheiros da Usina Catende, na zona da mata pernambucana, tornando-as novamente produtivas. Ora, isso significa abandonar a situação de “clandestino” (trabalhador rural sem carteira assinada) e de recusar-se inclusive a viver do seguro-desemprego que continua a amarrá-lo aos contratos temporários, lá no nordeste ou aqui no sudeste. Ele se encontra no dilema proposto na pergunta de João da Silva, fundador da Liga Camponesa de Galiléia feita a Robert Linhart no livro que leva o título deste registro: “Você acha que o mundo chegou a um ponto estável ou que as contradições vão continuar a se desenvolver?”
Robert Linhart. O açúcar e a fome: pesquisa nas regiões açucareiras do Nordeste brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

Publicado por Eduardo Stotz em 10/07/2007 às 17h49

Disponível em: http://www.estotz.prosaeverso.net/blog.php. Acesso em: 23 jul. 2007.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Acontece (Cartola)


Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.
(Contribuição do Leandro)

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Roteiro Metodológico para Mobilização e Organização da VI Conferência Estadual de Saúde, rumo à 13ª Conferência Nacional de Saúde

VI CONFERÊNCIA ESTADUAL DE SAÚDE
Saúde e Qualidade de Vida: Política de Estado e Desenvolvimento

Roteiro Metodológico para Mobilização e Organização da VI Conferência Estadual de Saúde, rumo à 13ª Conferência Nacional de Saúde[1]

Objetivo:
Construir a VI CES através de ações de mobilização, compartilhar informações, divulgar e motivar os diversos atores sociais à assumir compromissos e responsabilidades nos municípios, rumo à 13ª CNS.
-Preparar e realizar as reuniões dos Colegiados de Gestão de Saúde
- Preparar e realizar as reuniões de criação dos Fóruns Regionais de Saúde
- Preparar e realizar a Oficina de Mobilização e Organização para as realizações da VI CES na Comissão Organizadora Estadual
- Preparar e realizar as Oficinas de Mobilização e Organização para a VI CES para as Comissões Organizadoras Municipais

Metodologia nas Oficinas de Mobilização e Organização da VI CES
1º. Passo: Apresentação e expectativas dos participantes (quem somos nós? de onde viemos? o que queremos?) – dinâmica de apresentação (60 minutos)
2º. Passo:
– introdução e justificativa: texto “Memórias para iluminar a VI Conferência Estadual da Saúde” - leitura em grupos e cada um dos itens do texto (30 minutos)
– Informações sobre a 13ª CNS (períodos de realização das municipais, estaduais e nacional; concepção e aboradagem; outras) – expositiva (30 minutos)
3º. Passo: Grupos de Trabalho, definir coordenador(a), relator(a) e facilitador(a) (60 minutos)
Grupo de Trabalho nº 1: EIXO I: Desafio para a efetivação do Direito Humano à Saúde no Século XXI: Estado,Sociedade e Padrões de Desenvolvimento.
Situação de Saúde, a Implementação de um Modelo de Atenção à Saúde. Baseado nas Necessidades de Saúde e Perspectivas de Atuação Intersetorial
Grupo de Trabalho nº 2: EIXO II: Políticas públicas para a saúde e qualidade de vida: o SUS na Seguridade Social.
O SUS como Polítiça de Estado e a Afirmação da Saúde como Direito de Seguridade Social
Grupo de Trabalho nº 3: EIXO III - A participação da sociedade na efetivação do direito humano à saúde.
A Participação como Principio para a Garantia de Relações Éticas e Compromissadas com a Efetivação do Direito Humano à Saúde
Grupo de Trabalho nº 4: Elaborar a minuta do regimento e regulamento do Fórum Regional de Saúde à partir da leitura dos documentos seguintes:
a) 172ª Reunião ordinária do Conselho Nacional de Saúde;
b) regimento e regulamento da 13ª Conferência Nacional de Saúde;
c) regimento e regulamento da VI Conferência Estadual de Saúde e anexo
4º. Passo - Apresentação Relatórios dos três trabalhos de grupo, na Plenária
5º. Passo - Plenária Final
– Definir da data da próxima reunião do Fórum Regional de Saúde
– Definir o calendário das reuniões de mobilização e outras atividades nos municípios (seminários, pré-conferências, oficinas, plenárias, outras)
– Definir comissão de relatoria
– Avaliação (roteiro/instrumento)
[1] Aprovado em 05 de junho de 2007 mo pleno do Conselho Estadual de Saúde de Goiás

VI CONFERÊNCIA ESTADUAL DE SAÚDE

Roteiro para Discussão nos Grupos de Trabalho

Objetivo
Construir a VI CES através de ações de mobilização, compartilhar informacões, divulgar e motivar os diversos atores sociais à assumir compromissos e responsabilidades nos municípios, rumo à 13ª CNS.

Grupo de Trabalho nº 1
EIXO I: Desafio para a efetivação do Direito Humano à Saúde no Século XXI: Estado,
Sociedade e Padrões de Desenvolvimento. Situação de Saúde, a Implementação de um Modelo de Atenção à Saúde.Baseado nas Necessidades de Saúde e Perspectivas de Atuação Intersetorial

Grupo de Trabalho nº 2
EIXO II: Políticas públicas para a saúde e qualidade de vida: o SUS na Seguridade Social.
O SUS como Polítiça de Estado e a Afirmação da Saúde como Direito de Seguridade Social

Grupo de Trabalho nº 3
EIXO III : A participação da sociedade na efetivação do direito humano à saúde.
A Participação como Principio para a Garantia de Relações Éticas e Compromissadas com a Efetivação do Direito Humano à Saúde

Grupo de Trabalho nº 4
Elaborar a minuta do regimento e regulamento do Fórum Regional de Saúde à partir da leitura dos documentos seguintes:
a) 172ª Reunião ordinária do Conselho Nacional de Saúde;
b) regimento e regulamento da 13ª Conferência Nacional de Saúde;
c) regimento e regulamento da VI Conferência Estadual de Saúde e anexo

Apresentação dos Grupos de Trabalho em plenária

Plenária Final
– Definir da data da próxima reunião do Fórum Regional de Saúde
– Definir o calendário das reuniões de mobilização e outras atividades nos municípios (seminários, pré-conferências, oficinas, plenárias, outras)
– Definir comissão de relatoria
– Avaliação (roteiro/instrumento)


Subsídios

Regimento e Regulamento da 13ª CNS
Regimento e Regulamento da 6ª CES
3. Roteiro Metodológico para Mobilização e Organização da VI Conferência Estadual
de Saúde, rumo à 13ª Conferência Nacional de Saúde
Roteiro para Discussão nos Grupos de Trabalho
Roteiro para Avaliação das Oficinas
6. Anexo I – Conceitos/Definições
Referências / Subsídios
Painel de indicadores do SUS. MS. Ano 1 – nº 1. Outubro de 2006
9. Memórias para iluminar a 6ª Conferência Estadual de Saúde - GO
10. 172º Reunião Ordinária/CNS - Proposta de Roteiro para o Debate e Apresentação de Propostas para a 13º Conferência Nacional de Saúde
11. A saúde em novo modelo de desenvolvimento – José Gomes Temporão e Carlos Grabois Gadelha
12. Carta de Goiânia, no I Encontro Estadual da Articulação Nacional dos Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde e na I Conferência Temática de Educação Popular e Saúde, 27 outubro 2003
13. Carta dos Movimentos Sociais participantes do Projeto Articula-SUS, Goias, junho 2006
14. Carta de Aracaju – no II Encontro da Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde – ANEPS, dezembro 2006
15. Carta dos Direitos dos Usuários – Ministério de Saúde
16. Notícias da Educação Popular e Saúde em Goiás, Nº 01, Ano I, Novembro 2003 – ANEPS/GO

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Consumo, logo existo (Frei Betto)

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse. O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável. É próprio do humano – e nisso também nos diferenciamos dos animais – manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e acozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico. A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritualque possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela. Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada umpossui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza quejá não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadoriasque me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meuvalor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado aomundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão. Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, temalma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essainteração matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua umaárvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém.Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinhoguardado na adega, uma jóia?Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, nasociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim umaFerrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela… Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberalnos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade. Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc. Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo sãodesprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre ovendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações devizinhança, como ainda ocorre na feira. Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da faltade convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior quea sedução" – diz Jean Baudrillard – "nem mesmo a ordem que a destrói." E asedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da cadeirao consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagandose necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático", respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz."

terça-feira, 26 de junho de 2007

Relatório da oficina de EXTENSÃO POPULARque ocorreu no I CONEM – Congresso Nordestino de Educação Médica, em Recife - PE, no dia 09 de junho de 2007.

A oficina começou com oficina com um vídeo: "Curuquê? Benzedeiras, Plantas Medicinas e Bioterapia". Depois abriu para a conversa e plenária final do congresso. Reforçar a importância da indissociabilidade de ENSINO – PESQUISA – EXTENSÃO, como forma também de valorizar a extensão e a integralidade.

Relatório da oficina:
Que o pilar: ensino – pesquisa – extensão deve ser centrado nas questões sociais, priorizando as necessidades da população.
Identificar formas de viabilizar projetos de extensão
Criar incentivos para a extensão universitária especialmente àqueles projetos vinculados/referenc iados na educação popular
Criar o Fórum de Extensão no Congresso Brasileiro de Educação Médica deste ano, em Uberlândia.
Destacar a importância das vivências e da extensão na formação do estudante, bem como a importância do diálogo de saberes com a população.
Incluir o estudo dos relatórios das Conferências de Saúde (municipal, estadual e nacional) na graduação.
Fortalecer a prática de extensão transformadora / popular na graduação, curricularmente.
Que as práticas assistencialistas, filantrópicas, pontuais, tenham sua importância, mas não sejam consideradas como extensão, uma vez que não ocorrem a troca dos saberes popular – científico.
Incluir os pró-reitores de extensão e a população nesta discussão para que o novo conceito de extensão seja realmente válido na prática.
Então... ficou isso ai para a ABEM Nordeste trabalhar no campo da extensão, espero que as outras regionais da ABEM também tenham produzido algo. O importante agora é garantir o ponto cinco para assim levarmos não só os pontos acima, mas outros de outras regionais e construir, agir e receber os frutos.
NOTÍCIA ENVIADA POR: Rodrigo Oliveira
GT de Extensão da ABEM
Coordenação de Extensão da DENEM

terça-feira, 19 de junho de 2007

CARTA DO 5º CONGRESSO NACIONAL DO MST

Nós, 17.500 trabalhadoras e trabalhadores rurais Sem Terra de 24 estados do Brasil, 181 convidados internacionais representando 21 organizações camponesas de 31 países e amigos e amigas de diversos movimentos e entidades, reunidos em Brasília entre os dias 11 e 15 de junho de 2007, no 5º Congresso Nacional do MST, para discutirmos e analisarmos os problemas de nossa sociedade e buscarmos apontar alternativas.Nos comprometemos a seguir ajudando na organização do povo, para que lute por seus direitos e contra a desigualdade e as injustiças sociais. Por isso, assumimos os seguintes compromissos:
1.. Articular com todos os setores sociais e suas formas de organização para construir um projeto popular que enfrente o neoliberalismo, o imperialismo e as causas estruturais dos problemas que afetam o povo brasileiro.
2.. Defender os nossos direitos contra qualquer política que tente retirar direitos já conquistados.
3.. Lutar contra as privatizações do patrimônio público, a transposição do Rio São Francisco e pela reestatização das empresas públicas que foram privatizadas.
4.. Lutar para que todos os latifúndios sejam desapropriados e prioritariamente as propriedades do capital estrangeiro e dos bancos.
5.. Lutar contra as derrubadas e queimadas de florestas nativas para expansão do latifúndio. Exigir dos governos ações contundentes para coibir essas práticas criminosas ao meio ambiente. Combater o uso dos agrotóxicos e a monocultura em larga escala da soja, cana-de-açúcar, eucalipto, etc.
6.. Combater as empresas transnacionais que querem controlar as sementes, a produção e o comércio agrícola brasileiro, como a Monsanto, Syngenta, Cargill, Bunge, ADM, Nestlé, Basf, Bayer, Aracruz, Stora Enso, entre outras. Impedir que continuem explorando nossa natureza, nossa força de trabalho e nosso país.
7.. Exigir o fim imediato do trabalho escravo, a super-exploraçã o do trabalho e a punição dos seus responsáveis. Todos os latifúndios que utilizam qualquer forma de trabalho escravo devem ser expropriados, sem nenhuma indenização, como prevê o Projeto de Emenda Constitucional já aprovado em primeiro turno na Câmara dos Deputados.
8.. Lutar contra toda forma de violência no campo, bem como a criminalização dos Movimentos Sociais. Exigir punição dos assassinos - mandantes e executores - dos lutadores e lutadoras pela Reforma Agrária, que permanecem impunes e com processos parados no Poder Judiciário. 9.. Lutar por um limite máximo do tamanho da propriedade da terra. Pela demarcação de todas as terras indígenas e dos remanescentes quilombolas. A terra é um bem da natureza e deve estar condicionada aos interesses do povo.
10.. Lutar para que a produção dos agrocombustíveis esteja sob o controle dos camponeses e trabalhadores rurais, como parte da policultura, com preservação do meio ambiente e buscando a soberania energética de cada região.
11.. Defender as sementes nativas e crioulas. Lutar contra as sementes transgênicas. Difundir as práticas de agroecologia e técnicas agrícolas em equilíbrio com o meio ambiente. Os assentamentos e comunidades rurais devem produzir prioritariamente alimentos sem agrotóxicos para o mercado interno.
12.. Defender todas as nascentes, fontes e reservatórios de água doce. A água é um bem da Natureza e pertence à humanidade. Não pode ser propriedade privada de nenhuma empresa.
13.. Preservar as matas e promover o plantio de árvores nativas e frutíferas em todas as áreas dos assentamentos e comunidades rurais, contribuindo para preservação ambiental e na luta contra o aquecimento global.
14.. Lutar para que a classe trabalhadora tenha acesso ao ensino fundamental, escola de nível médio e a universidade pública, gratuita e de qualidade.
15.. Desenvolver diferentes formas de campanhas e programas para eliminar o analfabetismo no meio rural e na cidade, com uma orientação pedagógica transformadora.
16.. Lutar para que cada assentamento ou comunidade do interior tenha seus próprios meios de comunicação popular, como por exemplo, rádios comunitárias e livres. Lutar pela democratização de todos os meios de comunicação da sociedade contribuindo para a formação da consciência política e a valorização da cultura do povo.
17.. Fortalecer a articulação dos movimentos sociais do campo na Via Campesina Brasil, em todos os Estados e regiões. Construir, com todos os Movimentos Sociais a Assembléia Popular nos municípios, regiões e estados.
18.. Contribuir na construção de todos os mecanismos possíveis de integração popular Latino-Americana, através da ALBA - Alternativa Bolivariana dos Povos das Américas. Exercer a solidariedade internacional com os Povos que sofrem as agressões do império, especialmente agora, com o povo de CUBA, HAITI, IRAQUE e PALESTINA. Conclamamos o povo brasileiro para que se organize e lute por uma sociedade justa e igualitária, que somente será possível com a mobilização de todo o povo. As grandes transformações são sempre obra do povo organizado. E, nós do MST, nos comprometemos a jamais esmorecer e lutar sempre. REFORMA AGRÁRIA: Por Justiça Social e Soberania Popular!
Brasília, 15 de junho de 2007

segunda-feira, 21 de maio de 2007



Como posso dialogar, se me sinto participante de um "gueto" de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são "essa gente", ou são "nativos inferiores"?
Paulo Freire

sábado, 19 de maio de 2007

Diante do inevitável, Zorro comentou: ‘Xi, Tonto, nós estamos cercados!’. Ao que Tonto, sabiamente, respondeu: ‘Nós quem, cara-pálida?’”

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Diálogo entre a Tati e o Wilton, no orkut, depois de ler o Blog:

Wilton:
Tati, que legal este teu blog!Li os dois textos e compartilho de muita coisa que escreveste!Sobre problematizar, quero contribuir com uma frase de Rubem Alves "o que não é problema não é pensado", de memória...Tenho discutido esta idéia com meus alunos (faz parte da filosofia da ciência) e atualmente estou contextualizando assim "o problema gera a racionalidade"...Algo como, antes de ser racional, o homem precisa ser percepção, mas não qualquer, e sim uma que garanta a sobrevida.A determinação biológica inicial.Deu pra sentir?Bj.WW

Tati:
Wilton.. porque a percepção e a racionalidade presisam ser separadas? A percepção seria algo irrracional? São divisões humanas, como mente e corpo, teoria e prética, homem e natureza, sujeito e objeto. Sobre a frase de Rubem Alves, concordo... pois a gente só percebe e pensa (racionaliza)o q incomoda, grita aos olhos ou dentro da gente. Então, seguindo seu raciocínio: penso logo existo (ou desisto?). Problema - percepção - racionalizo - problema. rsrsrsrrs. São pensamentos lineares... prefiro os complexos. Estou com saudades de vcs, aguardo seus comentários e avaliação da estadia!! Abçs. AH!! QUEREMOS ENATESPO.

Wilton:
Bom, Tati, elas não precisam ser separadas. Tem um amigo que diz que uma ameba percebe, mas será que ela racionaliza? O texto de Ruben Alves diz que só quem percebe (e se incomoda/importa) é que racionaliza!Não acho que seja linear, a junção dos dois gera algo maior que a soma. Embora pareça muito com a proposição do Descartes. Para ele pensar era a única coisa capaz de garantir sua existência como individuo, pessoa. E eu acho que ele estava certo.Bjs.Tambem quero Enatespo!WW

Tati:
A ameba não racionaliza. Olhei no dicionário: "perceber- adquirir conhecimento de, pelos sentidos. Compreender, notar,ouvir, ver bem, ver ao longe (FERREIRA, 1989). Isso quer dizer que: uma ameba não percebe. rsrsrrsrsr. Ela sofre uma quimiotaxia, ela não tem sentidos. Amanhã faremos avaliação do café.. vou te passar e queremos a avaliação de vcs tb!! Bjs

Wilton:
Olá, estou gostando... a quimiotaxia! O meu amigo diz que se colocar uma gota de ácido perto da ameba... ela se afasta. Ela não racionaliza, mas reage. Vi em algum lugar que células podem ter memória... tô achando que a origem da razão pode estar daí.Bom, mas pode estar em Adão também.O que achas??

Tati:
A origem da razão é visceral? Celular? Pode ser uma das origens, mas continuo a buscar a origem complexa das coisas... Isto é: são várias origens e que muitas vezes se contradizem e nem dialogam. A razão é criação humana. Mas acho que a ameba não tem razão!! Ela tem quimiotaxia!! Nossa razão não é guiada por neuromediadores. A razão também pode ser cultural, social, antropológica, histórica, genética, religiosa, astrológica, física quântica... Se vc pensar somente na célula, estará sendo cartesiano e biologicista. Rsrsrs

Wilton:
Ei Tati, usei o exemplo da ameba para levantar uma reflexão onde ações (processos) "inteligentes" do ponto de vista da Vida prescindem da problematização “racional”. Você é que perguntava o que era a problematização. E eu tentava mostrar que a "razão como reflexo da matéria" pode fazer sentido. É uma pista interessante, principalmente se tens interesse no “complexo”. Outros amigos dizem que uma possibilidade de perceber o complexo é absolutamente não racional. Meditação. Complicou?

Tati:
o antagonismo da "simplicidade" da ameba em relação a complexidade humana, da quiomitaxia a racionalização, da simplificação a problematização, racionalização a meditação, da ação a reflexão, instinto a inteligência... tá vendo como é dicotomizada? Acho que pra resolver isso tudo só a arte! A subjetividade... só o pensamento complexo mesmo!!! Vou citar o Nilson Machado: A partir de tal rede de significações, as relações entre os objetos do esquema acima é constituída de nós e conexões, onde um nó é resultante da conexão de diversos fios e as conexões são caracterizadas pela referência aos nós que interligam, elabora-se operacionalmente a diluição dos objetos em relações e, reciprocamente, a consubstanciação de relações em objetos. Se constituindo em relações dinâmicas, onde as relações ora não nítidas, ora perdem a força. Assim, à medida que perde força a distinção nítida entre objetos e relações, configura-se com mais clareza certa dualidade entre os elementos desse par, na qual os objetos são percebidos/concebidos como feixes de relações e feixes de relações são transformados em novos objetos; as relações são determinadas por pares de objetos e cada objeto é caracterizado pelas relações nele incidentes ou dele emergentes (MACHADO, 1994).

Wilton:
Tati, não sei, acho que não estamos conseguindo nos entender, mas minha intenção não é estabelecer dicotomias. Não coloquei o "antagonisno" da simplicidade CONTRA a complexidade. Usei a ameba para sinalizar que toda a complexidade do raciocínio pode ter se originado de algo extremamente simples, que inclusive ainda pode estar aí.Vi o Machado, a dialética também trabalha com pares e usa a totalização para ampliar os significados e as perspectivas.WW

Tati:
Por isso que a "inspiração" do pensamento complexo é o marxismo, Morin é autodidata e leu Marx para se fundamentar. Acho que a origem da complexidade do raciocínio, ou a origem da percepção dos problemas, é algo que mais ligado a física quântica. Pois é o reflexo do todo nas partes, por exemplo, é o reflexo de todo um contexto, de uma história, de uma subjetividade, que o mundo (universo, sociedade, cultura, tempo), imprimiu em um ser ou indivíduo, e este imprime na sociedade, onde um é todo, e o todo é um rsrsrrsrs. Este todo só pode ser compreendido dentro de seus antagonismos, das perspectivas, das percepções... Como constata Boaventura Santos: estamos divididos, fragmentados. E que a condição epistemológica da ciência repercute na condição existência do cientista. Eu já entendo o contrário, a condição existencial da pessoa, repercute no modo de ver o mundo. Por isso que Morin fala na consciência planetária, numa mudança de pensamento humano para continuação da vida na terra. Tudo é mais complexo, é total e dividido, ao mesmo tempo.

Wilton:
Tati, agora eu dancei, não entendi nada. Qual era mesmo a premissa da ameba? Eu estava propondo uma hipótese (portanto com probabilidades de ser falsa e falível, não entendi o contraditória. Qual a contradição?. Eu proponha uma relação (evolutiva?) entre irracional/racional. De um tipo de "saber" que está além da racionalização, como a memória celular (se é que existe mesmo). Isto faz sentido para mim, se falamos de problematização.Qual é a ligação da percepção dos problemas com a física quantica?WW

Tati:
assista ao filme: "quem somos nós?"

Como criar um Blog, indicação do J. Eri

J.:

Oi Tatis....claro que indico.
As duas melhores opções são o www.blogger.com e o famoso www.wordpress.com . Para quem vai iniciar eu aconselho o blogger. Embora nao tenha tantos recursos quanto o wordpress, ele tem uma área de administração bem amigável.
Para usar o blogger é bom que vc tenha um conta Google, assim vc poderá desfrutar dos novos recursos recém implantados (programaçao em Ajax).
O Blogger apesar de ser o vovô dos blogs ainda fica devendo em muitos aspectos, falta muito ainda para satisfazer blogueiros mais exigentes. Bom, vamos aguardar o que a turma do Google deve trazer boas novidades. Resumindo...fique com o blooger.
Agora se vc quiser ter um blog com seu próprio domínio, tipo www.tati.com vc vai ter que ficar com o wordpress mesmo.

sexta-feira, 13 de abril de 2007



"Um recomeço é uma forma de se re-encontrar".
Herbert Vianna


Domínios da problematização: o que é problematizar?

Texto que escrevi no carnaval de 2007.
(Tatiana Oliveira Novais)

Neste carnaval organizativo de idéias, não por vontade, mas por falta de opção e dinheiro. (Levante a mão quem está na mesma situação (rsrsrrsr)!! !) Espero que alguém ao menos leia e se der comente também.Tirei alguns momentos de descanso para refletir sobre algumas reuniões que tive na faculdade, para fazer um plano de ensino em algumas disciplinas que leciono.Uma professora me presenteou com a classificação de alguns domínios desejáveis que os alunos desenvolvam, e copiei suas anotações:Domínio psicomotor (movimentos de reflexos) são: habilidades perceptivas (habilidades coordenadas: olhos, mãos, pés), habilidades físicas (posições ergonômicas de trabalho), movimento de habilidade (esculpir, abrir, raspar, condensar, limar, examinar), comunicação não discursiva.Domínio afetivo: receptividade (disposição: escutar, perceber, aceitar, atender), comunicar (diálogo), resposta (o aluno está disposto a receber o estímulo: concordar, discordar, acompanhar, responder), valorização (reconhecer o valor, apreciar, aceitar), organização (organização de valores: organizar, pensar, desenvolver e discutir), caracterização por um valor ou complexo de valores, comportamento como parte da personalidade (revisar, mudar, rejeitar, acreditar).Domínio cognitivo: memorização (evocar algo aprendido: citar, identificar, listar, definir), compreensão (reafirmação dos conteúdos, de novas formas, mas sem perceber relações mais complexas: ilustrar, exemplificar, traduzir), aplicação (uso de abstrações em situações particulares e concretas: aplicar, demonstrar, usar, inferir), análise (separar o todo em partes: analisar, distinguir, categorizar, discriminar) , síntese (combinação conjunta de certos números de elementos para formar um todo: resumir, compor, formular, deduzir), avaliação (julgamento: avaliar, criticar, julgar, decidir), conhecer (não faz associações).Apesar de cartesianas, acredito serem úteis e didáticas estas divisões em domínios para escrever objetivos de ensino-aprendizagem , porém, é de consenso que estes domínios não ocorram separadamente e de forma homogênea.Então para superar o problema na formulação do objetivo geral, tendo em vista que a maioria das nossas atividades de ensino e estágio se dá na realidade (dos serviços de saúde e/ou comunidade), considerei que a palavra a ser usada seria problematizar. Mas concordamos que a palavra problematização vem sendo usada de maneira indiscriminada de modo que tudo é problematizar. Então comecei a refletir sobre os domínios e objetivos intrínsecos na problematizaçã o, e gostaria que o pessoal da lista me ajudasse.Acredito que a problematização, quando não feita de maneira reducionista, é a agregação de todos os domínios, com princípio e com ênfase no afetivo. Como disse Paulo Freire (1976): o homem ao saber-se inacabado, vive na constante busca de ser mais de transcender (raiz da educação) e o amor é condição para que isso aconteça.Sobre os verbos implícitos na problematização, imagino que são: analisar, criticar, fazer junto, dialogar, aplicar na realidade, sintetizar, re-totalizar.Gostaria de saber o que vocês pensam sobre isso.Um abraço a todos e um bom carnaval, introspectivo ou não!!

FREIRE, P. A educação e o processo de mudança social. In: _______. Educação e mudança. 24 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. p. 27- 41.

Este texto foi publicado em:
http://www.dadu.famed.ufu.br/?url=midia&num_pag=&id=182
Sem minha autorização, mas pelo menos colocaram meu nome. É um e-mail enviado por mim a REDEPOPSAUDE (Rede de Educação Popular em Saúde), Grupo de Discussão do Yahoo.
Technorati Profile

quinta-feira, 12 de abril de 2007

os cegos e o elefante


"Há a incapacidade do homem de compreender a complexidade do universo. Para se superar isso, deve-se reconhecer primeiro as partes e depois re-totalizar, considerando a complexidade da realidade". Tatiana Oliveira Novais.


Mudar de Idéia

Recentemente, sofri um acidente de carro, para ser sincera até agora não tive real noção do que aconteceu comigo. Fisicamente, somente alguns hematomas e dores musculares. Mas um acidente faz você repensar toda vida, o cotidiano. Voltava de uma cidade do interior, próxima a Goiânia, um caminhão não respeitou a sinalização e a minha preferência em um trevo, e fechou toda a pista. Como era em um começo de curva, tive pouco tempo de reação, sorte que não estava correndo e estava usando o cinto de segurança. O carro deu perda total. Não é apego a coisas materiais, mas este meu carro era especial, pois era meu companheiro, na minha luta diária e muitas vezes solitária.
Estas rupturas que acontecem sem estar em nossos planos, fazem com que a gente repense em várias coisas, nas atitudes, nas escolhas. Percebi o quanto estava envolvida no meu trabalho e me esquecia de aprofundar nas relações. O quanto as amizades são importantes e como precisamos das outras pessoas.
Acredito que nada acontece por acaso. Estes incidentes aparecem, de repente, como sinais, momentos de meditação e reflexão. E tenho muito a agradecer por não ter acontecido nada de grave. Tenho a consciência plena de que deveria mudar muita coisa na minha vida, mas ainda não sou capaz disso, mesmo porque envolve outras pessoas, e sempre agi com muita responsabilidade. Mas enquanto não chega a coragem de mudar de vida, vou registrar a mudança das minha idéias.
Acredito que é o primeiro passo. As mudanças acontecem a todo o momento, a realidade é dinâmica e para acompanhá-la é preciso mudar constantemente, é preciso ter flexibilidade, abandonar as mini-certezas por certezas provisórias. Hoje, em uma palestra ouvi um professor que discuti sobre a teoria da complexidade na saúde, o nome dele é Naomar de Almeida Filho. Ele disse que é um direito do homem mudar de idéia, então, não pensei duas vezes, este será o nome do meu blog.
A teoria da complexidade foi desenvolvida o Edgar Morin. Falarei grosseiramente a idéia que Morin quer passar com esta teoria: ele acredita que é preciso mudar a idéia simplista de causa e efeito, as idéias lineares, como por exemplo o gás carbônico é responsável pelo efeito estufa. Para uma idéia mais integral, mais totalitária. Que considera todas as dimensões. E para se compreender o mundo e até mesmo salva-lo, deve-se ter o entendimento de que tudo está conectado a tudo, e que estas são interações complexas. Defende a tese de que se deve mudar de idéia para salvar o mundo, pois para compreender a realidade e muda-la tem que ter um pensamento complexo, não digo isso no sentido de complicar as coisas. Muitas pessoas confundem a complexidade com a complicação. Mas a complexidade concebe novas formas de saberes, que não somente o científico, e considera o tempo e todas as dimensões. Que vão deste do micro espaço das relações até o planetário.
Uma música que traduz bem a teoria da complexidade é: Da lama ao caos, do Chico Science. Estarei provocando novas discussões, e o que pretende-se aqui é mudar de idéia...

Indicações de leituras:

Teoria da complexidade e a saúde (Naomar de Almeida Filho):
http://www.unisinos.br/ihu/uploads/publicacoes/edicoes/1158325839.84pdf.pdf

Os setes saberes necessários para a educação no futuro (Edgar Morin):
http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001243/124364por.pdf

Até a próxima