Salvador, 18 de Julho de 2007.
PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO SABER NA SAÚDE COLETIVA
Durante o 8 Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e 11 Congresso Mundial de Saúde Pública, realizados no município do Rio de Janeiro, em 2006, que reuniu mais de 13 mil pessoas, centenas de militantes se organizaram para questionar a estrutura daquele evento e o que isso representava na construção da Saúde Coletiva.
Esse movimento, que se constituiu e autodenominou Abraço a Abrasco, reconhecia os Congressos de Saúde Coletiva como os Congressos de Saúde da População Brasileira. A partir desse entendimento questionou: o acesso elitizado e excludente a discussão, reflexão e construção do sistema de saúde brasileiro, a falta de espaços de debates nas mesas e conferências, o desprezo pelos trabalhos aprovados como pôsteres, a ausência de participação dos Movimentos Sociais e Populares e convocava a Abrasco a democratizar com os vários atores a construção da saúde coletiva.
Mesmo após esse movimento, estamos perplexos com a ausência de mudanças profundas no modelo de organização da Saúde Coletiva Brasileira e de seus congressos e encontros. Houve pequenos avanços como a criação de fóruns de debates e o convite a alguns militantes de Movimentos Populares. Porém, são mudanças focais que não permitem que nesses espaços haja construção coletiva, democrática e plural da saúde coletiva.
Diante disso, questionamos:
A saúde coletiva se relaciona diretamente com setores com os quais se espera acontecer as transformações sanitárias ou reproduzimos um esquema hegemônico de construção do pensamento onde há alguns pesquisadores que observam os processos sociais, opinam sobre eles e fortalecem a lógica de ação política centrada na tecnocracia?
Até onde a saúde coletiva tem gerado processos que contrapõem o modo hegemônico de socialização do conhecimento?
Os congressos, as publicações de revistas e livros acadêmicos que realizamos não são evidências de que não saímos do formato hegemônico de socialização do conhecimento?
Até onde a saúde coletiva não tem se pautado na lógica de intelectuais, acadêmicos, pesquisadores e técnicos que processam conhecimento que os fortalece em seus recursos de poder passando a ter a verdade sobre o campo da saúde, mas não entram em diálogo com os setores sociais excluídos do direito a saúde e não conseguem atingir suas praticas sociais e políticas?
Diante disso pontuamos alguns aspectos concretos da organização deste evento que precisam ser discutidos:
- Falta de espaço para debates;
- Elevado valor das inscrições;
- Pouca valorização das atividades culturais como instrumento de integração;
- Poucos espaços de convivência;
- Falta de alojamento;
- Desvalorização dos pôsteres;
- Da forma com que suas atividades foram conduzidas
Diante disso, referendamos tais reflexões:- Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de educação popular e Saúde - ANEPS- Articulação Nacional de Extensão Popular - ANEPOP- Fórum Nacional de Residentes Multiprofissionais em Saúde - FNRMS- Rede de Educação Popular e Saúde - REDEPOP

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