quinta-feira, 26 de julho de 2007

PRONTUÁRIO - Sônia Maranhão

Se a pessoa ao trabalhar
Na área da saúde
Entendesse o que há
Além dos papeis

Veria com outros olhos
Quando o prontuário
Às suas mãos chegar.

Tem um avô calejado
Mãos grossas de arar a terra
Orgulho, sensatez, dignidade
Assustado, que nem criança
Porque sabe que dependendo da sentença

Pode ir embora sua individualidade
Tem um pai de família
Provedor de um lar
Que de seus braços sai o sustento
Aluguel, comida, escola
E isto não pode faltar.

Tem uma mãe
Rocha dura, esteio, muito carinho
Depende dela o equilíbrio da casa
Roupa lavada, comida na hora certa
E muito amor, com feijão quentinho.

Tem um adolescente
Com a cabeça atordoada
Primeira experiência sexual
E uma dúvida cruel,
Sente coisas estranhas
E não tem coragem de falar
Arrependido daquela
Saída malfadada

Tem uma adolescente
Menstruação atrasada
Bem feito, quem mandou?
Mas, ele disse que me amava
E como vai ser agora
Sua vida ficará arrasada.

Tem uma criança
Febril, doída e insane
Que não consegue definir o que sente
Que não sente o que diz
Porque tem medo do novo
Mas quer se curar e
Voltar a ser feliz!

Diante do que lemos
E sabemos que é real
Vemos o povo sofrendo
Conhecemos por que
Também sentimos
E o que estamos fazendo
E agora Dr?

A pergunta que não quer calar
Quem está ali a sua frente
A pessoa ou um papel
Qual dos dois o Dr vai tratar?


Sônia Maranhão é professora, especialista, mestra e doutora em vida que faz dos seus rabiscos declarações de amor,às pessoas,aos filhos e à Deus. A autora acredita que tem que agradecer a vida pela chance que tem lhe dado de ser feliz.
Poesia enviada na lista da Rede de Educação Popular em Saúde.

Educação Permanente - Elias J. Silva

Alegria a gente inventa
Ensinando e aprendendo
Partilhando e convivendo
Sendo, sabendo e querendo

Educação permanente
Se constrói com movimento
Sensibilizando a todos
Pra viver um novo tempo
Educação a distância

Aproxima os saberes
Faz grande conexão
Entre a prática e a teoria
Nova tecnologia que se usa

Em movimento
Pra facilitar o tempo
Do fazer - ser - conhecimento
É missão de todos nós
Ensinar e aprender

Servidores e usuários
Interagem no saber
Gestores e formadores
Participam pra valer

Trabalhador solidário
Crescer e ajuda a crescer
Novo tempo nova escola
Nova metodologia

É o processo da saúde
Construído com alegria
É a participação gerando democracia
Novo tempo é isso aí
E a gente acontecendo

É a construção coletiva
Que vai se fortalecendo
Do prazer de construir
A saúde e o bem viver

Pois nesta escola a gente vai
Vivendo, amando e aprendendo
Com saúde a gente vai
Vivendo amando e aprendendo

Elias J. Silva
Educador Popular, COMOV/ANEPS/ CIRANDAS DA VIDA.

CARTA AOS LUTADORES E LUTADORAS DO POVO

Realizamos em Belo Horizonte – MG, de 17 a 21 de julho de 2007, a III Assembléia Nacional do Movimento Consulta Popular, onde reunimos mais de 200 delegados que atuam em diferentes frentes de lutas em todo o país.Analisamos a natureza do desenvolvimento do capitalismo e da luta de classes nacional e internacional, onde a hegemonia do capital financeiro nos coloca diante de diversos desafios.
Diante disso, assumimos o compromisso de colocar todas as nossas energias para seguir organizando a classe trabalhadora, em defesa dos seus direitos e pela transformação social e política do país.
Com estes objetivos estabelecemos as seguintes tarefas a serem cumpridas pela nossa militância:

1 – Organizar e mobilizar as forças sociais para lutarem contra o capital, que domina a nossa economia, gera pobreza, e ameaça os direitos sociais e previdenciários da classe trabalhadora;
2 – Lutar para impedir a implantação dos projetos econômicos que devastam o meio ambiente, privatizam as águas e se apropriam das terras brasileiras;
3 – Defender a soberania alimentar, energética e política de nosso país;
4 - Impulsionar as lutas por melhores condições de vida no campo e na cidade, garantindo o acesso a terra, moradia, educação, saúde, distribuição de renda e a ampliação dos direitos previdenciários;
5 – Insurgir-se contra a monocultura, os plantios de cultivos transgênicos, a utilização de insumos agrícolas químicos, a apropriação e destruição da biodiversidade;
6 – Lutar contra todas as formas de discriminação, violência policial e criminalização dos pobres e dos movimentos sociais;
7 – Enfrentar e combater todas as formas de ingerência imperialista em qualquer parte do mundo.

Para garantirmos que estas tarefas se realizem, precisamos fortalecer a nossa organização da Consulta Popular nos empenhando cada vez mais:

1 – No estudo, no conhecimento e na compreensão da realidade brasileira;
2 – Empenhar-se para elevar a consciência e a auto-estima do povo brasileiro;
3 – Estimular todas as formas de lutas sociais;
4 – Formar um número cada vez maior de militantes, preparados para as tarefas das lutas sociais;
5 – Participar e contribuir na construção da Assembléia Popular em nossos Estados e no maior número de municípios;
6 – Priorizar o trabalho da organização da juventude em especial nos grandes centros urbanos;
7 – Seguir construindo meios de comunicação da própria classe trabalhadora com instrumentos de formação política, valorização e resgate da cultura popular;
8 – Intensificar a disputa de idéias na sociedade através do debate do Projeto Popular para o Brasil;
9 – Contribuir com a unidade entre todas as forças organizadas da classe trabalhadora;
10 – Praticar a solidariedade permanente com todos os povos em luta no mundo, em especial com o povo da Palestina, Iraque, Haiti, Cuba e Venezuela.

O conjunto de decisões políticas e organizativas nos colocam em um novo momento de nosso processo de construção.Reafirmamos hoje o compromisso, expresso nas cartas da I e II Assembléia Nacional : "Construiremos uma organização de novo tipo, dirigida para a luta, e cujas marcas são a unidade, a disciplina militante e a fidelidade ao povo.
Uma organização que pratica os valores da solidariedade, da gratuidade, da honestidade e do trabalho coletivo. Isso é condição para que possamos enfrentar a crise, de dimensão histórica, que vive o Brasil.
Uma crise cuja superação exigirá lutas e sacrifícios, que serão recompensados pela construção de uma pátria livre, justa e solidária."

Somos a Consulta Popular.

Pátria Livre, Venceremos!

Belo Horizonte, 21 de julho de 2007.

terça-feira, 24 de julho de 2007

PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO SABER NA SAÚDE COLETIVA

Salvador, 18 de Julho de 2007.
PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO SABER NA SAÚDE COLETIVA
Durante o 8 Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e 11 Congresso Mundial de Saúde Pública, realizados no município do Rio de Janeiro, em 2006, que reuniu mais de 13 mil pessoas, centenas de militantes se organizaram para questionar a estrutura daquele evento e o que isso representava na construção da Saúde Coletiva.
Esse movimento, que se constituiu e autodenominou Abraço a Abrasco, reconhecia os Congressos de Saúde Coletiva como os Congressos de Saúde da População Brasileira. A partir desse entendimento questionou: o acesso elitizado e excludente a discussão, reflexão e construção do sistema de saúde brasileiro, a falta de espaços de debates nas mesas e conferências, o desprezo pelos trabalhos aprovados como pôsteres, a ausência de participação dos Movimentos Sociais e Populares e convocava a Abrasco a democratizar com os vários atores a construção da saúde coletiva.
Mesmo após esse movimento, estamos perplexos com a ausência de mudanças profundas no modelo de organização da Saúde Coletiva Brasileira e de seus congressos e encontros. Houve pequenos avanços como a criação de fóruns de debates e o convite a alguns militantes de Movimentos Populares. Porém, são mudanças focais que não permitem que nesses espaços haja construção coletiva, democrática e plural da saúde coletiva.
Diante disso, questionamos:
A saúde coletiva se relaciona diretamente com setores com os quais se espera acontecer as transformações sanitárias ou reproduzimos um esquema hegemônico de construção do pensamento onde há alguns pesquisadores que observam os processos sociais, opinam sobre eles e fortalecem a lógica de ação política centrada na tecnocracia?
Até onde a saúde coletiva tem gerado processos que contrapõem o modo hegemônico de socialização do conhecimento?
Os congressos, as publicações de revistas e livros acadêmicos que realizamos não são evidências de que não saímos do formato hegemônico de socialização do conhecimento?
Até onde a saúde coletiva não tem se pautado na lógica de intelectuais, acadêmicos, pesquisadores e técnicos que processam conhecimento que os fortalece em seus recursos de poder passando a ter a verdade sobre o campo da saúde, mas não entram em diálogo com os setores sociais excluídos do direito a saúde e não conseguem atingir suas praticas sociais e políticas?
Diante disso pontuamos alguns aspectos concretos da organização deste evento que precisam ser discutidos:
- Falta de espaço para debates;
- Elevado valor das inscrições;
- Pouca valorização das atividades culturais como instrumento de integração;
- Poucos espaços de convivência;
- Falta de alojamento;
- Desvalorização dos pôsteres;
- Da forma com que suas atividades foram conduzidas
Diante disso, referendamos tais reflexões:- Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de educação popular e Saúde - ANEPS- Articulação Nacional de Extensão Popular - ANEPOP- Fórum Nacional de Residentes Multiprofissionais em Saúde - FNRMS- Rede de Educação Popular e Saúde - REDEPOP

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O AÇÚCAR E A FOME


A entressafra da cana-de-açúcar no Nordeste vai de março a setembro. É palavra que significa desemprego e fome. Vida faminta, na base de macaxeira e fubá: desespero. Desespero que leva a saques, mal ou bem sucedidos, na rota dos caminhões que transitam numa das rodovias mais perigosas do país, a BR 101. É o que se lê na matéria “Desempregados rurais saqueiam caminhões em Alagoas” (Folha de São Paulo, 04/07/2007, B 4). A reportagem assistiu a tentativa de saque na altura do município de Messias, a poucos metros da usina de açúcar Bititinga, desativada. “Se a usina estivesse funcionando, haveria emprego”, declarou à reportagem um homem desempregado, pai de quatro filhos. Ele ainda não descobriu que precisa se organizar e quem sabe, no coletivo de trabalhadores ser capaz até de assumir a massa falida das empresas, como seus companheiros da Usina Catende, na zona da mata pernambucana, tornando-as novamente produtivas. Ora, isso significa abandonar a situação de “clandestino” (trabalhador rural sem carteira assinada) e de recusar-se inclusive a viver do seguro-desemprego que continua a amarrá-lo aos contratos temporários, lá no nordeste ou aqui no sudeste. Ele se encontra no dilema proposto na pergunta de João da Silva, fundador da Liga Camponesa de Galiléia feita a Robert Linhart no livro que leva o título deste registro: “Você acha que o mundo chegou a um ponto estável ou que as contradições vão continuar a se desenvolver?”
Robert Linhart. O açúcar e a fome: pesquisa nas regiões açucareiras do Nordeste brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

Publicado por Eduardo Stotz em 10/07/2007 às 17h49

Disponível em: http://www.estotz.prosaeverso.net/blog.php. Acesso em: 23 jul. 2007.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Acontece (Cartola)


Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.
(Contribuição do Leandro)